Tu poema me hace recordar Soares de Passos que fue un poeta portugués de los más grandes de los ultra-románticos del siglo XIX que murió a los 33 años y era un ejemplo completo del pesimismo. Este poema es considerado su mejor. No lo puedo ni lo quiero traducir porque perdería todo su dramatismo.
O Noivado do Sepulcro
Vai alta a lua! na mansão da morte Já meia-noite com vagar soou; Que paz tranquila; dos vaivéns da sorte Só tem descanso quem ali baixou.
Que paz tranquila!... mas eis longe, ao longe Funérea campa com fragor rangeu; Branco fantasma semelhante a um monge, D'entre os sepulcros a cabeça ergueu.
Ergueu-se, ergueu-se!... na amplidão celeste Campeia a lua com sinistra luz; O vento geme no feral cipreste, O mocho pia na marmórea cruz.
Ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio espanto Olhou em roda... não achou ninguém... Por entre as campas, arrastando o manto, Com lentos passos caminhou além.
Chegando perto duma cruz alçada, Que entre ciprestes alvejava ao fim, Parou, sentou-se e com a voz magoada Os ecos tristes acordou assim:
"Mulher formosa, que adorei na vida, "E que na tumba não cessei d'amar, "Por que atraiçoas, desleal, mentida, "O amor eterno que te ouvi jurar?
"Amor! engano que na campa finda, "Que a morte despe da ilusão falaz: "Quem d'entre os vivos se lembrara ainda "Do pobre morto que na terra jaz?
"Abandonado neste chão repousa "Há já três dias, e não vens aqui... "Ai, quão pesada me tem sido a lousa "Sobre este peito que bateu por ti!
"Ai, quão pesada me tem sido!" e em meio, A fronte exausta lhe pendeu na mão, E entre soluços arrancou do seio Fundo suspiro de cruel paixão.
"Talvez que rindo dos protestos nossos, "Gozes com outro d'infernal prazer; "E o olvido cobrirá meus ossos "Na fria terra sem vingança ter!
- "Oh nunca, nunca!" de saudade infinda, Responde um eco suspirando além... - "Oh nunca, nunca!" repetiu ainda Formosa virgem que em seus braços tem.
Cobrem-lhe as formas divinas, airosas, Longas roupagens de nevada cor; Singela c'roa de virgínias rosas Lhe cerca a fronte dum mortal palor.
"Não, não perdeste meu amor jurado: "Vês este peito? reina a morte aqui... "É já sem forças, ai de mim, gelado, "Mas inda pulsa com amor por ti.
"Feliz que pude acompanhar-te ao fundo "Da sepultura, sucumbindo à dor: "Deixei a vida... que importava o mundo, "O mundo em trevas sem a luz do amor?
"Saudosa ao longe vês no céu a lua? - "Oh vejo sim... recordação fatal! - "Foi à luz dela que jurei ser tua "Durante a vida, e na mansão final.
"Oh vem! se nunca te cingi ao peito, "Hoje o sepulcro nos reúne enfim... "Quero o repouso de teu frio leito, "Quero-te unido para sempre a mim!"
E ao som dos pios do cantor funéreo, E à luz da lua de sinistro alvor, Junto ao cruzeiro, sepulcral mistério Foi celebrado, d'infeliz amor.
Quando risonho despontava o dia, Já desse drama nada havia então, Mais que uma tumba funeral vazia, Quebrada a lousa por ignota mão.
Porém mais tarde, quando foi volvido Das sepulturas o gelado pó, Dois esqueletos, um ao outro unido, Foram achados num sepulcro só.
Soares de Passos, in 'Antologia Poética'
Un abrazo mui fuerte de tu amigo lisboeta Henrique, o Leãozão
Informação Mais uma semana de férias para o Frederico & Companhia. Por isso sai um textículo risonho que tem por título Uma (quase) Feira Pré-Histórica no qual, pasme-se, até é citada a nossa amiga Graça coliponense, ou seja a Gracinhamiga de Leiria. Há malucos capazes de tudo, como é o meu caso. Entretanto o próximo episódio da saga vai ser tão quente que nem vos digo mais nada para não (vos) arrefecer…
Manda huevos... esta mañana sentado en uno de los bancos verdes del cementerio, había un señor escribiendo con un boli Bic sobre una libreta de anillas. Me quedé un instante mirándolo, naaa... seguro es otro loco de tantos...
Me parece especialmente bello de lo triste que es. O me parece especialmente triste de lo bello que es. Yo también estoy triste. Se me va mi pitusa a vivir a Madrid :_( Besitos mi poeta
Me encanta el poeta loco, ojalá y cuando muera venga a escribirme poemas.
ResponderEliminarUn beso
El poeta loco y Justiniano son mis dos personajes favoritos.
ResponderEliminarEs encantador que el poeta escriba un poema a la muerta, aunque no quiero ver la reacción del poeta si ella le escribe otro en respuesta.
Un beso.
Qué longevidad la de ese amor ... Está como el primer día.
ResponderEliminarBonito poema
Con razón me gustan los cementerios y es que dan asiento a estos momentos ... :-)
EliminarEl poeta loco y tú vais a propiciar que varíe mis últimas voluntades 😄
EliminarAlguién le dejó el encargo?
ResponderEliminarSaludos.
Me imagino la escena :))
ResponderEliminarTiene un romanticismo muy especial este poeta loco.
Besos
ResponderEliminarMuy romántico... hermoso y tierno.
Ese alma late...
Beso... Xavi.
Y mi mano en tu mano...
XL
Cuidado, a ver si resucita!
ResponderEliminarEl amor más alla de la muerte, el romanticismo puro, como el de aquel otro loco poeta.
ResponderEliminarMe encanta la escena que has dibujado.
Al poeta loco no hay que llevarle la contraria.Casi siempre que lleva razón,y eso es casi nunca, acierta. Y te pone en un apuro.
ResponderEliminarO sea...
Pero él la recuerda y la evoca. Creo que no está tan loco!!
ResponderEliminarBesicos muchos.
Mi querido Toro Salvajamigo
ResponderEliminarTu poema me hace recordar Soares de Passos que fue un poeta portugués de los más grandes de los ultra-románticos del siglo XIX que murió a los 33 años y era un ejemplo completo del pesimismo.
Este poema es considerado su mejor.
No lo puedo ni lo quiero traducir porque perdería todo su dramatismo.
O Noivado do Sepulcro
Vai alta a lua! na mansão da morte
Já meia-noite com vagar soou;
Que paz tranquila; dos vaivéns da sorte
Só tem descanso quem ali baixou.
Que paz tranquila!... mas eis longe, ao longe
Funérea campa com fragor rangeu;
Branco fantasma semelhante a um monge,
D'entre os sepulcros a cabeça ergueu.
Ergueu-se, ergueu-se!... na amplidão celeste
Campeia a lua com sinistra luz;
O vento geme no feral cipreste,
O mocho pia na marmórea cruz.
Ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio espanto
Olhou em roda... não achou ninguém...
Por entre as campas, arrastando o manto,
Com lentos passos caminhou além.
Chegando perto duma cruz alçada,
Que entre ciprestes alvejava ao fim,
Parou, sentou-se e com a voz magoada
Os ecos tristes acordou assim:
"Mulher formosa, que adorei na vida,
"E que na tumba não cessei d'amar,
"Por que atraiçoas, desleal, mentida,
"O amor eterno que te ouvi jurar?
"Amor! engano que na campa finda,
"Que a morte despe da ilusão falaz:
"Quem d'entre os vivos se lembrara ainda
"Do pobre morto que na terra jaz?
"Abandonado neste chão repousa
"Há já três dias, e não vens aqui...
"Ai, quão pesada me tem sido a lousa
"Sobre este peito que bateu por ti!
"Ai, quão pesada me tem sido!" e em meio,
A fronte exausta lhe pendeu na mão,
E entre soluços arrancou do seio
Fundo suspiro de cruel paixão.
"Talvez que rindo dos protestos nossos,
"Gozes com outro d'infernal prazer;
"E o olvido cobrirá meus ossos
"Na fria terra sem vingança ter!
- "Oh nunca, nunca!" de saudade infinda,
Responde um eco suspirando além...
- "Oh nunca, nunca!" repetiu ainda
Formosa virgem que em seus braços tem.
Cobrem-lhe as formas divinas, airosas,
Longas roupagens de nevada cor;
Singela c'roa de virgínias rosas
Lhe cerca a fronte dum mortal palor.
"Não, não perdeste meu amor jurado:
"Vês este peito? reina a morte aqui...
"É já sem forças, ai de mim, gelado,
"Mas inda pulsa com amor por ti.
"Feliz que pude acompanhar-te ao fundo
"Da sepultura, sucumbindo à dor:
"Deixei a vida... que importava o mundo,
"O mundo em trevas sem a luz do amor?
"Saudosa ao longe vês no céu a lua?
- "Oh vejo sim... recordação fatal!
- "Foi à luz dela que jurei ser tua
"Durante a vida, e na mansão final.
"Oh vem! se nunca te cingi ao peito,
"Hoje o sepulcro nos reúne enfim...
"Quero o repouso de teu frio leito,
"Quero-te unido para sempre a mim!"
E ao som dos pios do cantor funéreo,
E à luz da lua de sinistro alvor,
Junto ao cruzeiro, sepulcral mistério
Foi celebrado, d'infeliz amor.
Quando risonho despontava o dia,
Já desse drama nada havia então,
Mais que uma tumba funeral vazia,
Quebrada a lousa por ignota mão.
Porém mais tarde, quando foi volvido
Das sepulturas o gelado pó,
Dois esqueletos, um ao outro unido,
Foram achados num sepulcro só.
Soares de Passos, in 'Antologia Poética'
Un abrazo mui fuerte de tu amigo lisboeta
Henrique, o Leãozão
Informação
Mais uma semana de férias para o Frederico & Companhia. Por isso sai um textículo risonho que tem por título Uma (quase) Feira Pré-Histórica no qual, pasme-se, até é citada a nossa amiga Graça coliponense, ou seja a Gracinhamiga de Leiria. Há malucos capazes de tudo, como é o meu caso. Entretanto o próximo episódio da saga vai ser tão quente que nem vos digo mais nada para não (vos) arrefecer…
morir joven es triste pero muy inspirador , la pluma baraja millones de historias que pudieron ser y no lo fueron
ResponderEliminarbesos
Más majo el poeta loco...
ResponderEliminarUn beso vivito.
; )
Las almas se entienden siempre...
ResponderEliminarUn beso grande, Toro.
Manda huevos... esta mañana sentado en uno de los bancos verdes del cementerio, había un señor escribiendo con un boli Bic sobre una libreta de anillas. Me quedé un instante mirándolo, naaa... seguro es otro loco de tantos...
ResponderEliminarBuenas noches, Xavi TORO SALVAJE:
ResponderEliminarComentario N.º 16
:)
En los poemas
resucita la musa
de otros tiempos.
♪ ♫ ♪ ♩♪ ♫ ♪ ♫ ♪ ♩♪ ♫
:)
Abrazos
Para que luego digan que no hay amores para siempre.
ResponderEliminarSaludos.
Muy muertita no estaría :-)
ResponderEliminarUn beso
Un amor mas allá de la muerte y la locura....Saludos Toro amigo.
ResponderEliminarUn poco de poesía y una pizca de locura tal vez sean necesarios para soportar mejor la vida,
ResponderEliminaro a lo mejor como te han dicho tal vez no esté tan loco El Poeta Loco.
Besos.
Te deseo un feliz fin de semana...
ResponderEliminarSi el amor es sufrimiento
Y el sufriento es amor
Aquel que sufrir no sabe
No sabe lo que es amor.
Besos
El espíritu de Anabel Lee
ResponderEliminaraún perdura entre nosotros
Poesía, locura, muerte... ingredientes para sufrir.
ResponderEliminarBesos, Toro
Esto es romanticismo en estado puro, Ni Bécquer, ¡vamos!
ResponderEliminarBesos
En la locura encontramos la respuesta nuestras cosas
ResponderEliminarsaludos querido
Precioso detalle
ResponderEliminarAmor y locura
Sueños
Abrazos
No importa, si la tiene en su recuerdo... :)
ResponderEliminarSalud
No está muerta del todo, aún es inspiración.
ResponderEliminarBeso.
Gracias….te deseo una feliz noche siempre entre versos
ResponderEliminarBesos
Musa muerta-viva.
ResponderEliminarBeso Toro
Me parece especialmente bello de lo triste que es. O me parece especialmente triste de lo bello que es.
ResponderEliminarYo también estoy triste. Se me va mi pitusa a vivir a Madrid :_(
Besitos mi poeta
Creo que lo conozco...
ResponderEliminarAbrazo
Me encanta! Besos***
ResponderEliminar¡Qué suerte tiene la muerta!, cuando después de cien años, alguien le escribe un poema.
ResponderEliminarLe entiendo.
ResponderEliminarYo le llevo un clavel a una desconocida del siglo XIX enterrada en el cementerio civil cada semestre.
Bss.
Ella será joven siempre y si él escribe sobre ella además será eterna en el poema. Besossss Toro !!!!!!!
ResponderEliminarTodo lo embellece este poeta.
ResponderEliminarSe parece a Toro.
:)
Un beso para el Poeta loco.
Luego la querrá desenterrar. Los románticos son muy de eso. 😨
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